Em texto publicado na Folha de S.Paulo, José Henrique Mariante, ombudsman do jornal, escreveu sobre a polêmica envolvendo a publicação de uma fotomontagem do presidente Lula atrás de um vidro trincado durante os atos golpistas no Palácio do Planalto. Segundo ele, o jornal ignora o Manual da Redação ao publicar “imagem de Lula que não existiu”.

Na capa da edição impressa do jornal da quinta-feira, 19 de janeiro, a Folha publicou o registro da repórter fotográfica Gabriela Biló, feito com técnicas de múltipla exposição e sobreposição da imagem do vidro (cuja parte quebrada se assemelha a um tiro) e a de Lula, como se um “tiro” tivesse acertado o presidente. A foto causou polêmica nas redes sociais, gerando interpretações sobre um suposto incentivo à violência contra Lula. Biló explicou que a foto representa “uma prova da resistência do presidente”, sorrindo por trás de um vidro quebrado na altura do coração.

Publicação da fotojornalista Gabriela Biló em sua conta no Twitter explicando a técnica da foto do presidente Lula (Foto: Reprodução/Twitter)

No texto, o ombudsman escreveu que, em um primeiro momento, não percebeu o efeito e considerou a imagem impressionante, mas mudou de opinião ao tomar conhecimento de se
tratar de “uma montagem na prática”. Para Mariante, trata-se de uma realidade aumentada: “(…) O artifício é vetado pelo Manual da Redação (pág. 106): ‘… são proibidas adulterações da realidade retratada, tais como apagar pessoas ou alterar suas características físicas, eliminar ou inserir objetos e mudar cenários'”.