Censo da Wake Creators mostra realidade financeira de 4.500 influenciadores (Foto: Freepik)
Censo da Wake Creators mostra realidade financeira de 4.500 influenciadores (Foto: Freepik)

O ‘Censo de Criadores de Conteúdo do Brasil 2025’ trouxe dados sobre a realidade dos influenciadores digitais no país. A pesquisa mostrou que apenas 9% dos criadores de conteúdo têm a internet como única fonte de renda. Apesar do crescimento do setor, a maioria dos influenciadores ainda enfrenta dificuldades para monetizar seus conteúdos de forma consistente.

O levantamento foi realizado pela Wake Creators e ouviu mais de 4.500 criadores de conteúdo. Além disso, o estudo incluiu seis entrevistas em profundidade. A pesquisa teve como objetivo entender como os creators têm estruturado suas carreiras e quais são os principais desafios enfrentados na profissionalização e comercialização de seus trabalhos nas redes sociais.

Grande parte não tem renda fixa com conteúdo digital

Segundo os dados coletados, 26% dos influenciadores afirmaram não ter uma renda mensal regular com a produção de conteúdo. Esses profissionais atuam apenas em campanhas pontuais, sem remuneração recorrente. Outros 19% disseram nunca ter fechado nenhum trabalho remunerado como criadores.

Os números também indicam que para 15% dos entrevistados, a internet representa entre 5% e 20% da renda mensal. Já para 11%, esse número é de até 5%, e para outros 11%, o percentual da renda gerado pelas redes sociais varia entre 21% e 50%.

Ao todo, apenas 17% dos influenciadores têm pelo menos metade de seus rendimentos vindo da atuação como creators. O dado mais expressivo aponta que apenas 9% vivem exclusivamente da produção de conteúdo digital.

Estrutura profissional ainda é limitada entre criadores

Fabio Gonçalves, diretor de talentos internacionais da Viral Nation, atua no setor de marketing de influência há mais de dez anos. Ele avalia que a dificuldade na monetização está relacionada à falta de estrutura profissional.

“Monetizar conteúdo exige estratégia, constância, profissionalização e, principalmente, estrutura”, afirma. Segundo ele, muitos influenciadores ainda não contam com equipes comerciais que auxiliem na organização financeira, negociação de contratos e prospecção de marcas.

Além disso, Fabio destaca que a rotina de um influenciador demanda dedicação, o que muitas vezes se choca com outras atividades que garantem a renda principal desses profissionais. “A falta de comprometimento é um fator preponderante nessa equação, já que no final das contas essa pessoa precisa priorizar o maior ganha pão dela, que muitas vezes não é a internet”, completa.

Profissionalização é essencial para alcançar estabilidade

A percepção romantizada sobre a carreira de influenciador é outro fator que, segundo Fabio, contribui para a desinformação sobre o setor. “Existe uma visão romantizada de que basta ter seguidores para viver de internet, mas a realidade é bem mais complexa”, diz.

Ele explica que além de produzir conteúdo visualmente atrativo, o influenciador precisa dominar temas como precificação, análise contratual, emissão de notas fiscais e estratégias de relacionamento com marcas.

“O criador de conteúdo precisa entender seu nicho, saber negociar, precificar, analisar contratos, emitir notas fiscais, construir autoridade e entregar resultado real para as marcas – não é só sobre fazer um post bonito”, afirma.

A profissionalização, segundo ele, é o que diferencia o influenciador como marca pessoal. “Isso exige tempo, planejamento e, muitas vezes, uma rede de apoio que vá além da criatividade”, conclui.

Agências especializadas ajudam na estruturação de carreira

Na análise de Fabio, criadores que contam com suporte de agentes ou agências especializadas têm mais chances de se consolidar financeiramente. “Criadores que contam com agentes ou agências estruturadas tendem a sair na frente”, destaca.

Ele aponta que esse tipo de suporte oferece uma estrutura que vai da organização financeira à gestão de imagem, passando pelo desenvolvimento de marca pessoal. “Na Viral Nation, nosso trabalho é preparar esses talentos para irem além do post: ajudamos a desenvolver branding pessoal, relacionamento com marcas, gestão de oportunidades e até educação financeira”.

Para ele, o papel das agências é ajudar o criador a se transformar em um negócio, sem perder sua identidade. “Acreditamos que o futuro será dominado pelos influenciadores que tiverem estrutura e estratégia – e é exatamente aí que atuamos para garantir que mais criadores possam transformar sua paixão em uma fonte de renda estável e escalável”.

Tendência é de crescimento com exigência de maturidade

Mesmo com o cenário ainda restrito, a expectativa é que o número de influenciadores que vivem exclusivamente da internet aumente nos próximos anos. Essa evolução, no entanto, depende diretamente da maturidade do setor como um todo.

“As marcas estão mais criteriosas, buscando criadores que entregam resultado real, que conhecem seu público e sabem construir narrativas de marca com autenticidade”, observa Fabio.

Ele reforça que os influenciadores que se prepararem para esse novo momento terão melhores oportunidades comerciais. “A projeção é de crescimento, mas com uma exigência maior de maturidade profissional por parte dos influenciadores”.

Metodologia da pesquisa

O estudo realizado pela Wake Creators foi conduzido por meio de uma pesquisa quantitativa. Foram mais de 4.500 respostas de criadores de conteúdo em todo o país. Além disso, o levantamento contou com seis entrevistas em profundidade.

O objetivo do levantamento foi entender a realidade dos influenciadores no Brasil, seus desafios na monetização de conteúdo, níveis de profissionalização e perspectivas para o futuro da profissão.

Desafios e oportunidades no mercado de influência

O setor de marketing de influência continua em expansão. O número de criadores cresce a cada ano, impulsionado pelo consumo digital e pela diversidade de plataformas sociais. No entanto, a estrutura necessária para transformar a criação de conteúdo em uma carreira rentável ainda não está acessível para a maioria.

A partir dos dados do ‘Censo de Criadores de Conteúdo do Brasil 2025’, é possível observar que a maioria dos influenciadores não consegue se manter apenas com a renda gerada na internet. Fatores como a falta de estrutura, ausência de planejamento estratégico e baixa maturidade profissional interferem diretamente na monetização.

Com isso, a atuação das agências, a formação de redes de apoio e a busca por capacitação profissional são apontadas como caminhos para o fortalecimento da carreira de criadores de conteúdo. A tendência, segundo especialistas, é de um mercado cada vez mais exigente, onde dados, estratégia e autenticidade serão diferenciais competitivos.

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