Apenas 6% dos influenciadores digitais no Brasil ganham mais de R$ 20 mil por mês (Foto: Freepik)
Apenas 6% dos influenciadores digitais no Brasil ganham mais de R$ 20 mil por mês (Foto: Freepik)

Uma nova pesquisa conduzida pela agência Brunch e pela consultoria YOUPIX mostra uma realidade surpreendente para quem acompanha o mundo dos influenciadores digitais. Embora algumas figuras públicas esbanjem luxo nas redes sociais, apenas uma pequena parcela dos creators brasileiros consegue sustentar um estilo de vida de alto padrão. Segundo o estudo Creators e Negócios, apenas 6% dos influenciadores ganham mais de R$ 20 mil mensais, enquanto mais da metade (50,68%) recebe até R$ 5 mil por mês. A pesquisa, realizada entre agosto e setembro de 2024 com 369 criadores de conteúdo de todo o país, revela uma estrutura de rendimentos bastante desigual.

Distribuição de rendimentos: Apenas uma minoria tem ganhos elevados

A pesquisa trouxe um panorama detalhado sobre os rendimentos mensais dos influenciadores brasileiros. Conforme os dados, a maioria dos creators está longe de alcançar os altos rendimentos que muitas vezes associamos a essa carreira. Veja a distribuição de rendimentos apontada pelo levantamento:

  • Até R$ 2.000,00: 19,24%
  • Entre R$ 2.001,00 e R$ 5.000,00: 31,44%
  • Entre R$ 5.001,00 e R$ 10.000,00: 28,73%
  • Entre R$ 10.001,00 e R$ 20.000,00: 14,36%
  • Entre R$ 20.001,00 e R$ 50.000,00: 4,34%
  • Entre R$ 50.001,00 e R$ 100.000,00: 1,36%
  • Acima de R$ 100.000,00: 0,54%

Os números revelam que, para a grande maioria dos influenciadores, o retorno financeiro ainda é modesto. Apenas 4,34% ganham entre R$ 20 mil e R$ 50 mil, enquanto uma elite de 0,54% atinge rendimentos acima de R$ 100 mil.

Mercado exige estratégia, investimento e paciência para crescer

Fabio Gonçalves, diretor de talentos internacionais da agência Viral Nation, explica que o sucesso financeiro nesse setor depende de diversos fatores. “Isso ocorre porque o mercado é altamente competitivo, e o crescimento exige muito mais que seguidores; é necessário um investimento contínuo em produção de qualidade, relevância de conteúdo e parcerias estratégicas. Hoje em dia, ser relevante para o público e ter engajamento geram mais autoridade do que apenas o número de seguidores”, afirma Gonçalves. Ele ressalta que o caminho para rendimentos expressivos envolve um processo gradual e uma estratégia de longo prazo, e que “para a maioria dos criadores, o sucesso financeiro é um processo contínuo e desafiador”.

Para atingir melhores resultados, é essencial que o influenciador mantenha autenticidade e consistência em suas produções, além de um foco estratégico no desenvolvimento de parcerias. Gonçalves ainda destaca que, nos dias atuais, um empresário ou agente pode ser fundamental para lidar com negociações comerciais, permitindo que o creator concentre-se na parte criativa.

Algoritmos e desafios para a visibilidade dos novos creators

Outro aspecto destacado por Fabio Gonçalves é o impacto dos algoritmos das redes sociais, que dificultam o crescimento de novos influenciadores. Como esses algoritmos tendem a priorizar conteúdos de alto engajamento, creators que ainda estão construindo suas audiências enfrentam maiores desafios para alcançar um público expressivo. Esse cenário cria um ambiente ainda mais competitivo e reforça a importância de uma abordagem profissional e de longo prazo para se destacar.

Queda na porcentagem de influenciadores que vivem apenas do conteúdo

O levantamento da Brunch e da YOUPIX apontou também uma queda na proporção de influenciadores que têm a criação de conteúdo como única fonte de renda. Em 2023, 37,8% dos creators viviam exclusivamente do dinheiro obtido com conteúdo; esse número caiu para 32,52% em 2024. Muitos influenciadores conciliam essa atividade com empregos formais para garantir a estabilidade financeira. Dentre os criadores, 24,12% possuem trabalhos fixos como CLT ou PJ, 15,72% criam conteúdo para uma marca ou produto próprio e 13,55% têm um emprego formal como principal fonte de renda.

Para Fabio Gonçalves, essa diversificação de rendas reflete a necessidade de maior apoio estratégico e de planejamento financeiro para que o mercado de criação de conteúdo se torne mais sustentável. “Na Viral Nation, trabalhamos justamente para isso: apoiamos nossos talentos a construir parcerias de longo prazo e a desenvolver uma presença de marca autêntica, que os ajude a atrair acordos consistentes e a depender menos de outras ocupações”, explica.

Parcerias e crescimento sustentável

A orientação para parcerias duradouras e autênticas também está se consolidando como um caminho para maior estabilidade financeira. As agências que atuam nesse mercado incentivam os creators a investir em uma base de fãs fiel, construída com transparência e conteúdo relevante, o que contribui para atrair marcas e garantir uma remuneração mais consistente.

Gonçalves destaca que, com o apoio de um agente, os influenciadores podem lidar melhor com os desafios do mercado, aproveitando oportunidades de crescimento e estabelecendo uma base financeira sólida. Ele lembra que as demandas do setor atual exigem mais profissionalização, pois “para se destacar, é necessário que se tenha um bom conteúdo, transparência, autenticidade, consistência e estratégias profissionais para alcançar o público-alvo, que demandam tempo e recursos financeiros”, conclui.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa Creators e Negócios, que fornece um panorama detalhado sobre a situação financeira dos influenciadores brasileiros, foi realizada pela Brunch e pela YOUPIX. O levantamento coletou dados entre os dias 13 de agosto e 23 de setembro de 2024, a partir de um questionário respondido por 369 criadores de conteúdo em todo o Brasil. Esse estudo traz insights valiosos para compreender o mercado de influência digital e as dificuldades enfrentadas pela maioria dos profissionais do setor.

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