Uma pesquisa realizada pela agência Brunch, em parceria com a consultoria YOUPIX, revelou que, apesar de as mulheres representarem a maioria no mercado de influência digital, os homens continuam recebendo os maiores rendimentos. O estudo “Creators & Negócios” analisou o mercado de marketing de influência e identificou desigualdades na remuneração de criadores de conteúdo.
Maioria feminina, mas menores rendimentos
O estudo apontou que 70,73% dos influenciadores são mulheres, enquanto 24,93% são homens. Os outros 3,52% correspondem a pessoas trans, de gênero fluído, não binárias ou que preferiram não responder. Apesar da presença feminina ser predominante, a desigualdade de ganhos é evidente.
Segundo os dados, 21,46% das mulheres ganham até R$ 2 mil por mês, enquanto entre os homens esse percentual é de 12,60%. Entre os que recebem de R$ 2 mil a R$ 5 mil, as mulheres também são maioria, representando 31,42% contra 28,40% dos homens. No entanto, essa tendência se inverte nas faixas de rendimento mais altas.
Homens dominam faixas salariais mais elevadas
A partir da faixa de R$ 5 mil mensais, os homens ultrapassam as mulheres em números. Segundo o levantamento, 33,70% dos homens ganham acima de R$ 5 mil, contra 27,59% das mulheres. Entre aqueles que recebem de R$ 10 mil a R$ 20 mil, os homens são 15,8%, enquanto as mulheres somam 14,18%.
Na faixa entre R$ 20 mil e R$ 50 mil, a diferença é pequena, com 4,60% de mulheres e 4,20% de homens. No entanto, acima de R$ 50 mil, as mulheres não chegam a representar 1% dos influenciadores, enquanto os homens são 3,2%. Acima de R$ 100 mil, 2,1% dos influenciadores são homens, enquanto as mulheres não atingem essa marca.
Motivos da desigualdade
O diretor de talentos internacionais da Viral Nation, Fabio Gonçalves, explica que o mercado de influência ainda reflete padrões históricos de valorização do trabalho masculino. Ele afirma que muitas marcas consideram os homens como referência em áreas como tecnologia, negócios e finanças, setores que atraem campanhas com investimentos mais altos.
“O mercado publicitário e de influência ainda reflete padrões históricos de valorização do trabalho masculino. Muitas marcas enxergam os homens como porta-vozes de autoridade em temas como finanças, tecnologia e negócios, áreas que costumam atrair campanhas com maior investimento. Enquanto isso, as mulheres, mesmo dominando a criação de conteúdo, são frequentemente associadas a nichos considerados ‘soft’, como moda e beleza, que, apesar de terem grande alcance, nem sempre recebem orçamentos tão altos quanto outras categorias”, explica Gonçalves.
Diferenças nas negociações
Outro fator que contribui para a desigualdade salariai é a abordagem nas negociações. Segundo Gonçalves, influenciadores masculinos costumam adotar uma postura mais assertiva ao definir preços para seus serviços, enquanto mulheres enfrentam mais resistência ao reivindicar valores mais altos.
A falta de transparência na precificação também é apontada como um fator relevante. Sem uma tabela fixa de valores, muitas influenciadoras aceitam pagamentos menores por não saberem o quanto poderiam cobrar.
“Como o mercado de influência não tem uma tabela fixa de valores, muitas criadoras de conteúdo acabam aceitando pagamentos menores por desconhecerem o quanto poderiam cobrar. Isso reforça um ciclo em que elas continuam sendo remuneradas abaixo dos homens, mesmo quando possuem engajamento e alcance semelhantes ou até superiores”, afirma Gonçalves.
Desafios e oportunidades
Apesar da desigualdade identificada na pesquisa, Gonçalves acredita que talento, engajamento e conexão com o público são os principais diferenciais para um influenciador, independentemente do gênero.
“Na Viral Nation, trabalhamos para garantir que as oportunidades e negociações sejam justas e baseadas na qualidade do conteúdo e na entrega de resultados. Nosso compromisso é quebrar barreiras e promover um mercado mais transparente e equitativo, onde todos os criadores de conteúdo tenham o devido reconhecimento e valorização pelo seu trabalho, e não pelo seu gênero”, conclui Gonçalves.